O verdadeiro pertencimento

Intercâmbio Cristão
2 min readFeb 22, 2021

No dia 06 de Janeiro de 2020, meu primeiro dia na Olivet, escola onde estudei em Brighton, minhas amigas e eu saímos da aula e resolvemos comer Fish and Chips. Nós não conhecíamos a cidade ainda e acabamos andando muito no frio e no vento da orla, com fome, até encontrar um lugar que gostássemos. Lembro de me sentir frustrada, cansada porque tudo parecia estar dando meio errado e eu não esperava que meu primeiro dia fosse ser assim. No fundo, estava frustrada principalmente por querer me sentir pertencente ali desde o início, já que me sentia muito deslocada no Brasil.

No fim das contas, comemos no restaurante do Pier. Não o mais barato dos Fish and Chips, mas muito bom. Isso serviu pra nos conhecermos e até nos divertimos. Fizemos das nossas incertezas e erros algo leve e um aprendizado.

Quando cheguei na minha casa de lá, parei no meu quarto e fui orar. Percebi que ainda estava chateada porque queria que tivesse sido um dia perfeito. Me sentia deslocada, não-pertencente, e não sabia se ia me adaptar à cidade, porque aquele dia tinha “dado errado”, mesmo estando no meu lugar dos sonhos. Ai, os seres humanos e suas emoções.

Mas Deus me lembrou, gentilmente, que eu estava colocando as expectativas no lugar errado — em tudo ser perfeito, colocando esperanças demais em um lugar. Naquele momento, chorei com o Senhor, pedindo pra Ele alinhar meu coração ao dEle. Queria viver as coisas do jeito certo, com Ele no centro. E, aí, algo aconteceu. O Senhor me fez entender que Ele é minha casa. Ele é meu lar e é a Ele que eu pertenço. Toda a frustração aconteceu porque meus olhos estavam focados no alvo errado: no que eu achava que era bom pra mim e nos meus “shoulds” (deveria ser assim, deveria ser desse jeito).

Quando parei de olhar para o meu modo de viver o intercâmbio, e deixei Ele me guiar do jeito dEle, tudo fluiu. Senti paz, porque entendi a Quem pertencia. Não ao Brasil ou à Inglaterra, mas ao Reino de Deus. Foi divertido, leve, fiz amigos pra vida, mesmo com perrengues, soube quem estava no controle e busquei manter meu coração alinhado a Ele.

Há mais de um ano finalizei meu intercâmbio e posso dizer que o Senhor mudou e direcionou minha vida, a partir de tudo que vivi lá. Nós, intercambistas, somos meio nômades, criamos vínculo com todos lugares e, às vezes, lugar nenhum. Sempre querermos estar com pé na estrada, ir para nações diferentes, o que é incrível, muito enriquecedor e vontade dEle, também. Porém, melhor ainda, é saber que não importa onde, como, quando, Ele é nosso lar e esperança.

*Ana Ramires foi intercambista da CESE e viajou para Brighton, na Inglaterra

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